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Postado 05/02/2016 às 12:45:13 por Farmacêutico | IDEALFARMA
RIBAVIRINA
Saiba tudo sobre o tratamento da Cinomose Canina

Vírus são micro-organismos menores que bactérias, que não conseguem se reproduzir e são dependentes de uma célula viva. Os vírus invadem as células e utilizam a sua estrutura para reprodução causando diferentes reações no organismo hospedeiro.

Os fármacos antivirais interferem no ciclo de replicação viral, e pode interromper diversas etapas do ciclo como absorção, invasão na célula, exposição do ácido nucleico, replicação, transcrição, tradução, montagem de novas partículas virais e sua liberação.

A ribavirina (1-β-D-ribofuranosyl-1H-1,2,4-triazole-3-carboxamide) é um fármaco antiviral análoga a guanosina, um nucleotídeo que inibe a replicação de vírus de DNA e RNA de vírus respiratórios, da herpes, febre de Lassa, infecção por antavírus.

A ribavirina age contra um grande número de viroses caninas e felinas como: vírus de imunodeficiência felina, vírus da leucemia felina, herpevirus felino (rinotraqueíte), calicivirose felino, coronavírus felinos, vírus da doença de Borna, cinomose canina, paravirose canina, encefalites transmitida por carrapatos, encefalites japonesa.

Gilbert& Knight relataram 3 possíveis mecanismos de ação da ribavirina:

Diminuição da concentração de trifosfato de guanosina (GTP), indiretamente suprimindo a síntese de RNA viral por competição com a inosina-monofostfato desidrogenase;

Provoca mutação na estrutura para a transcrição do RNA viral e inibe a formação de RNAm tornando ineficiente a tradução de transcrição viral;

Inibe a função de codificação de RNA polimerase.

A biodisponibilidade da ribavirina é de 33% a 45% com o pico plasmático entre 1 a 2 horas após a administração da dose e 40% do fármaco é excretado pelos rins após 79 horas da administração e pode chegar até 298 horas quando administradas doses múltiplas.

El Galad investigou o efeito antiviral da ribavirina em animais com cinomose canina e vírus da hepatite canina em 40 filhotes com mais de 3 a 5 meses. Os animais ficaram em observação por 21 dias antes do tratamento. Os animais foram divididos em quatro grupos e administraram respectivamente 10, 100 e 200μl injeções intramuscular nos animais por 5 dias, o quarto grupo foi subdividido e tratado com 10, 100 e 200μl de aciclovir intramuscular por 5 dias e 1 animal de cada grupo não recebeu tratamento. O tratamento com a ribavirina foi eficaz para cinomose canina nas dosagens de 100 e 200μl curando em 100% o grupo analisado.4

Mangia e colaboradores avaliaram os efeitos colaterais do uso da ribavirina em 60 cães com sinais neurológicos causados pelo vírus da cinomose. Os animais foram divididos em 6 grupos:

  1. Administração de 30mg/kg de ribavirina
  2. Ribavirina 30mg/kg e DMSO20mg/kg
  3. DMSO 50mg/kg diluído em 10% a 20% intravenosa durante 15 dias
  4. Prednisona 4mg/kg a cada 24 horas por 7 dias, 2mg/kg por via oral a cada 24 horas por 15 dias, posteriormente glicocorticoide com redução gradativa de dose até o final do tratamento.
  5. Ribavirina 30mg/kg a cada 24 horas, por 15 dias, associado à prednisona 4mg/kg a cada 24 horas por 7 dias, reduzido para 2mg/kg a cada 24horas até completar 15 dias, posteriormente glicocorticoide com redução gradativa de dose até o final do tratamento.
  6. Ribavirina 30mg/kg a cada 24 horas, por 15 dias, associado a 50mg/kg de DMSO intravenosa, a cada 24 horas por 15 dias, 0,5mg/kg de prednisona a cada 12 horas, por 7 dias reduzido para 0,25mg/kg a cada 24horas até completar 15 dias, posteriormente glicocorticoide com redução gradativa de dose até o final do tratamento.

 

Foram coletados líquor antes e após o tratamento, medula óssea para confirmar o diagnóstico de cinomose, amostras de sangue para análise de hemograma, função hepática e renal, análise de urina. A ribavirina apresenta efeito antiviral, mas a administração sistemática causa efeitos adversos como anemia e, portanto é necessário avaliar os riscos do tratamento e considerar a qualidade de vida dos animais.

Khatun e colaboradores avaliaram o efeito in vitro da ribavirina na replicação genética do vírus da síndrome respiratória. Foram utilizadas células MARC-145 e a porção reprodutiva do vírus VR2332. Analisaram a mutagênese em PRRSV e observaram a diminuição da replicação em mais de 100 vezes na concentração de 0,2mM de ribavirina e foi completamente suprimida em concentrações maiores que 0,2mM. Os pesquisadores concluíram que a ribavirina suprime a replicação de PRRSV, entretanto mais estudos são necessários em animais para confirmar os resultados obtidos.

Apesar da ribavirina ser utilizada em tratamento antivirais, ela apresenta restrições de uso por conta de efeitos adversos, principalmente a indução de anemia hemolítica, devido ao acúmulo de fosfato nos eritrócitos e necessita descontinuar o tratamento, em 30% dos casos tratados ocorre anemia e há uma redução de dose que leva em consideração a idade e função renal do animal. A anemia é mais grave em macacos, seguidos por humanos, roedores e cães.

Os efeitos adversos comumente relatados são anemia hemolítica, supressão da medula óssea, aumento de bilirrubina, ferro e ácido úrico no soro, prurido, erupção cutânea aguda, náuseas, depressão.

 

Fonte: IDEALFARMA