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Postado 11/06/2015 às 16:37:50 por Farmacêutico | Diário da Saúde | Blog Farmacêutico Responsável Técnico
Você sabe o que é Efeito Nocebo?

Todos conhecem bem o efeito placebo, o sugestionamento positivo induzido nas pessoas que acreditam estar tomando um medicamento ativo. Muito menos conhecido é o efeito nocebo. O efeito nocebo, ou reação nocebo, cobre os eventos adversos que ocorrem como um resultado de expectativas negativas sobre um tratamento ou medicamento.

O mecanismo é bem documentado quando voluntários recebem um placebo ao qual é atribuído o risco de determinados efeitos colaterais negativos – e as pessoas desenvolvem de fato esses efeitos. Em linhas gerais, o efeito nocebo é definido como uma sugestão negativa capaz de induzir os sintomas de uma doença. Na prática, o caso mais comum é o de uma pessoa que toma um medicamento e, ao tomar conhecimento dos riscos de efeitos colaterais do medicamento, passa a apresentar esses efeitos.

Estudos sobre efeito nocebo

Enquanto sua contraparte positiva – o efeito placebo – tem sido intensamente estudada nos últimos anos, a literatura científica é escassa sobre fenômenos do tipo nocebo. As respostas nocebo podem ser provocadas por sugestões negativas não intencionais por parte de médicos e enfermeiros – por exemplo, ao informar o paciente sobre as possíveis complicações de um tratamento a que ele deverá ser submetido.

No estudo mais recente sobre o tema, a equipe do Dr. Winfried Hauser, da Universidade Técnica de Munique (Alemanha) apresentou alguns mecanismos neurobiológicos subjacentes ao fenômeno. Os pesquisadores também destacaram a importância do efeito nocebo, que tem efeitos na prática clínica diária maiores do que geralmente se admite.

Dilema ético

Os pesquisadores destacam que o risco da indução do efeito nocebo pode colocar os médicos e outros profissionais de saúde ante um dilema ético. Isso ocorre porque os profissionais ficam divididos entre a sua obrigação de informar o paciente sobre os possíveis efeitos colaterais de um tratamento ou medicamento, e seu dever de minimizar o risco de uma intervenção médica – e, portanto, evitar desencadear o efeito nocebo.

Como uma estratégia possível para resolver esse dilema, Hauser e seus colegas sugerem que os médicos enfatizem a “tolerabilidade” das medidas terapêuticas – uma espécie de relativização dos riscos de efeitos colaterais. Outra opção – mas isso exigiria a concordância do paciente – seria não discutir os riscos de efeitos colaterais durante as consultas.

Soluções animais

Ou seja, não parece haver uma solução definitiva, e nem ao menos razoável, para o risco do efeito nocebo, assim como não há formas conhecidas de evitar o efeito placebo, que muitas vezes influi também na aprovação de medicamentos que podem não ter os efeitos esperados.

Uso do placebo para avaliação de medicamentos é questionado

Um primeiro passo nesse sentido seria abrir mão das explicações tipo “condicionamento de Pavlov”, que consideram os pacientes no mesmo nível intelectual e emocional dos animais – que esses pacientes pouco mais fariam do que repetir comportamentos “aprendidos”, ou condicionados.

FONTE: DIARIO DA SAUDE